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sábado, 19 de julho de 2014

Festivais do Fogo - Mitologia

Olá! Que bom que você veio!

Vou dar continuidade agora ao assunto que iniciamos na postagem anterior, caso deseje dar uma olhada nela antes de começar aqui, clique em Festivais do Fogo no Brasil 

Mitologia

Existem inúmeros ritos relacionados com o paganismo de uma forma geral e particularmente com a Bruxaria. Muitos são bastante pessoais, ou relacionados a Tradições específicas mas, pode ser dito que toda a ritualística acaba se concentrando na ideia de comemorar os ciclos naturais. A celebração dos ciclos naturais é uma das formas mais antigas de rito da Humanidade. Os ciclos da natureza foram reconhecidos pelo ser humano há milênios e a sua própria sobrevivência dependia deles. Quando éramos dependentes da caça, era vital acompanhar as manadas em seus deslocamentos sazonais e conhecer as épocas desses deslocamentos. Com o desenvolvimento da agricultura, saber o momento certo para plantar, colher e armazenar o fruto da terra se tornou indispensável e isso só poderia ser feito se o ser humano tivesse pleno conhecimento dos ciclos sazonais do lugar onde vivia. Comemorar a passagem dos ciclos naturais para os nossos antepassados era a forma de preservá-los para que continuassem a se repetir, dessa forma, a comunidade se preservaria também: um dependendo do outro. As festividades que reverenciam a passagem dos ciclos naturais são muitas e estão presentes em todas as culturas. São festas de plantio e colheita, festivais de Lua Cheia, ritos de passagem e todos marcam momentos da vida da comunidade e de seus membros. Seja qual for o motivo da festividade, lembrado ou esquecido pela sociedade moderna, ela acontece e ainda tem o objetivo de integração. A comunidade pagã se integra a terra por meio do festival sazonal. 


Mitologicamente a tradição que melhor expressa a ideia do ciclo natural nos foi transmitida pelos povos da Europa Ocidental pré-cristã. E está sintetizada na Roda do Ano. 
Mesmo a Roda do Ano tendo seus similares em todo o mundo, esse mito influenciou toda a ritualística ocidental, ao ser absorvido e sincretizado pelo Catolicismo. A Roda do Ano é formada por 8 festas sazonais chamadas sabás. Os Sabás são rituais solares por marcarem a trajetória do sol e sua influência na Natureza e na vida humana mas não são "celebrações do Deus", são antes festas dedicadas ao Casal Divino, alguns com mais destaque para a Deusa. O mito da Roda do Ano está focado na Deusa e no Deus, que representam os princípios fundamentais da natureza, assim são Deuses sem nome ou Deuses com muitos nomes, que assumem diferentes características no decorrer da narrativa. De modo geral, Ela é a Terra, a mãe dos frutos e das dádivas naturais, Ele é o Sol do qual a vida depende para se desenvolver. E espelha exatamente o que acontece durante um ano, quando se observa o decorrer das estações. 
(adaptado de www.mitoemagia.hpg.com.br)

Claro que guardadas as devidas proporções pois no Brasil somente uma parte da Região Sul tem neve no inverno. E temos três grandes colheitas ao longo do ano: uma próxima a Lammas, outra próxima a Mabon e  outra ainda, próxima a Samhain em maio/junho que é a colheita do milho. Embora em muitos lugares seja um período contínuo de colheita, não o é em todos os lugares do país. E não são colhidos os mesmos frutos, frutas e vegetais em todos eles por isso não se pode considerar como uma colheita única. 

Mesmo assim o caráter retributivo e de agradecimento nesse ponto é até redobrado, por ser uma natureza tão abundante e generosa como é aqui no Trópico. E não vejo dano ao mito quanto a isso.

Tudo isso dito, vamos ao mito em si.
A Roda do Ano representa as várias fases do Deus: seu nascimento, crescimento, união com a Deusa, declínio, morte e renascimento.
 http://criancasdalua.blogdpot.com/2014/07/19/festivais-do-fogo-mitologia.html

Yule: (21-06) - A Deusa dá à luz a Criança Solar.
Em pleno inverno, na noite mais longa do ano, a escuridão, seio de toda a criação atingiu seu ponto máximo, enquanto a escuridão reina, o Rei das Sombras se transforma na Criança da Promessa, renascendo da Deusa. Os dias voltam a crescer e as noites a diminuir. O Deus renasce trazendo a esperança do retorno do Sol para restaurar a Natureza.
E como o Deus também é o Sol, Yule marca o renascimento do astro na Roda do Ano, e para alguns o Ano Novo é em Yule.
Honramos a Deusa em seu aspecto de Mãe.
Ornamentar o altar com folhas vistosas de alguma árvore com a qual você tenha afinidade e que permaneça bonita e fresca por todo o ano, ou seja, tenha folhas perenes e verdes. Pode colocar flores e frutos da época no altar também e manter velas acesas simbolizando o retorno progressivo da luz do Sol. Enfeitar uma árvore dentro ou fora de casa.
Reza a tradição pagã que as árvores são sagradas e os meses do ano tinham nomes de árvores, inclusive. 
O pinheiro, azevinho e outras árvores perenes são usadas para simbolizar a continuação da vida, os sinos são símbolos femininos de fertilidade e anunciam espíritos que possam estar presentes.

A maioria dos símbolos usados hoje no Natal são pagãos: a troca de presentes, canções, vinho temperado com especiarias, comidas gordurosas e bebidas quentes, a árvore enfeitada e iluminada dentro de casa,  velas ornamentadas com folhas e untadas com essência são cópias reduzidas dos troncos de yule. 
É tempo de celebrar o início de todas as coisas, meditar sobre novas coisas em todos os setores da vida, também é propício para realizar feitiços e preparar amuletos de proteção. Tempo de recolhimento, de mergulhar em si mesmo e reencontrar nossas esperanças, de nos libertar de coisas desgastadas e antigas, de reencontrar a criança dentro de nós e renascermos purificados e alegres.

Imbolc: (1º de agosto) A Deusa amamenta o Deus e se renova, voltando a ser a Donzela. A luz cresce, os dias estão maiores. O Deus nascido em Yule manifesta-se com vigor e cresce em vitalidade.
É o Festival do Fogo.
É tempo de purificação e refazimento, nos purificamos e preparamos para um novo ciclo. A limpeza ritual dos locais de culto são feitas nessa época para apagar os resquícios negativos do ciclo anterior para um novo ciclo de vida ser estabelecido. Devemos nos livrar de tudo o que é velho e desgastado para dar lugar ao que é novo. Época do despertar das sementes, de novos planos e novos projetos, renovação de energias, purificação, busca de presságios e preparação para realizar tudo o que é novo. é hora de despertar a criatividade e abrir-se para a inspiração de Brigith.
É uma data para a Iniciação de novas adeptas em muitas tradições neo-pagãs.

Ostara: (21 de setembro) A Deusa é a Rainha da primavera, o Deus é o Deus Azul do Amor. É o auge da Primavera e tudo desabrocha. A Deusa cobre a terra com um manto de fertilidade e junto ao Deus estimula todos os seres vivos à reprodução vindoura.
O sabá tem o nome derivado da Deusa Eostre, Deusa saxônica da fertilidade, seus símbolos eram o ovo e o coelho. É um festival de fertilidade, de plantio, onde se pede as bençãos para a germinação das sementes recém plantadas.
Luz e sombra se equilibram. Aqui se anula de vez a imagem da Deusa como mãe ou anciã, que é substituído pela face da Donzela pronta a assumir seus atributos sexuais.  A Deusa é a Virgem e o Deus é um jovem vigoroso, apesar de ainda não apresentar a plena força e maturidade. o amor sagrado do Casal Divino é a certeza do crescimento e da fertilidade.
É tempo de colocar em prática os novos projetos, dar continuidade a trabalhos pois é um tempo de germinação. 

Beltane: (31 de outubro) A Deusa e o Deus amadurecem, se apaixonam, se encontram sexualmente, trazendo fertilidade à Terra, é tempo de fertilizar, é tempo de plantio. 
Simboliza a consumação da união sexual do Casal Divino. o Verão estação da frutificação começa aqui. Toda a simbologia de Beltane tem um cunho sexual. Enquanto em Ostara a fertilidade era apenas desejada, em Beltane se transforma em ato, representando que o calor do sol penetrou a terra para nela engendrar seus frutos, (plantio). 

Litha: (21 de dezembro) Toda a terra está banhada pela fertilidade da Deusa e do Deus. Ele está no auge de sua força. 
Auge do verão, o dia mais longo do ano, a partir dele os dias vão ficando mais curtos é o início do declínio do Deus. 
 http://criancasdalua.blogspot.com/2014/07/19/festivais-do-fogo-mitologia.html
A Deusa é a Rainha do Verão, o Deus é o macho em sua plenitude, isso anuncia seu declínio, ao passo que a Deusa, grávida assume a face de futura mãe. A luz do Sol começa a minguar e o Deus começa a seguir rumo ao País do Verão. A Deusa é pura satisfação e demonstra isso, pelas folhas verdes e lindas flores de verão.
Segundo algumas tradições, esse seria o momento em que o Rei do Carvalho (aspecto do Deus que reinou durante a fase de crescimento, desde o nascimento até a maturidade), é derrotado e substituído pelo Rei do Azevinho (que governa da maturidade até a Morte). 

Lammas: (2 de fevereiro) Período de colheita quando a Natureza mostras seus frutos. O Deus gradativamente enfraquece e a Deusa observa a queda Dele, sabendo que dentro Dela ele vive como semente. 
Conhecido anteriormente como Lughnasadh, era um festival dedicado ao Deus Lugh, um Deus Guerreiro associado ao Sol.
Havia o costume de atear fogo a uma roda de madeira e fazê-la rolar colina abaixo, representando a descida do Sol, o encurtamento progressivo dos dias, simbolizando que o Deus entrava em sua fase de decadência. 
É a primeira colheita, os grãos são ceifados.
Marca a chegada dos primeiros frutos da Mãe-Terra que alimentarão a humanidade, bem como a transição do Deus-Sol para o papel de protetor e provedor.
O grão de trigo cortado vira o pão que nos dá a vida e é o corpo do Deus sacrificado. A Deusa é a Mãe dos Grãos, nos trazendo abundância e fartura. Comemos o pão agradecendo ao Deus seu sacrifício e agradecendo a Deusa que nos nutre.
É tempo de colher os resultados de nossas ações a dar graças pelas dádivas recebidas.

Mabon: (20 de março) É a segunda colheita. O dia e noite são de igual duração, o Deus se prepara para partir para a Terra do Verão.
Colhemos as frutas e guardamos as sementes para a próxima primavera. Aqui eram colhidos os alimentos que garantiriam o sustento durante o inverno, e eram sacrificados os animais que não resistiriam  ao inverno, consumindo ou conservando a carne desses abates. Apesar da aproximação do inverno, Mabon era o momento de maior fartura do todo o ano, estando as colheitas completas e o alimento estocado. Assim, celebrava-se também para agradecer as dádivas dos Deuses no decorrer daquele ano.
Luzes e trevas se equilibram novamente mas o Sol mingua ainda mais rápido. O Deus se torna então o Ancião, o Senhor  das Sombras.
É tempo de agradecer  aos Deuses pelo que obtivemos.

Samhain: (30 de abril a 1º de maio) Marca a ida do Deus ao Reino dos Mortos. 
É o mais importante sabá da Roda do Ano.
Significa "sem Sol" também conhecido como Halloween ou dia das Bruxas. 
Última colheita antes do inverno. A morte do Deus. A Deusa envelhece, embora permaneça grávida e o mesmo Deus que morre é o Deus que está no ventre Dela. 
É o festival do retorno da Morte, os portões dos mundos se abrem, o véu que separa os mundos está mais tênue e fino. A Deusa se transforma na Velha Sábia, a Senhora do Caldeirão, o Deus é o Rei da Morte, o Ancião, o Senhor das Sombras. Assim permanece até se transformar na Criança Solar e renascer em Yule.
Para alguns é o fim e começo do ano pagão. 
Para todos representa o fim do ano pagão.
Para outros o Ano Novo começava em Yule, sendo o período entre Samhain e Yule uma época fora do tempo, de suspensão da vida, cheio de perigos e de magia.
Na noite de Samhain, como o véu está mais fino é possível a comunicação com os antepassados. Lanternas eram acesas e colocadas nas janelas, para guiar os que já partiram até suas antigas casas, para partilhar do banquete de comemoração, assim havia lugares extras à mesa e pratos servidos. 
A própria celebração do sabá tem um sentido misto de pesar pela morte do Deus e alegria pelo Seu renascimento vindouro. 
É tempo de celebrar os ancestrais, nossos mortos queridos nessa data e tempo de reflexão também. Hora de avaliar nossos atos e compreendermos o significado de nossas experiências boas ou más.

Obrigada!

Até breve!!!!!! 

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